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Seja bem vindo e volte sempre. "O Cordel é um estilo de vida"

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A Editora Luzeiro lança mais um dos meus livretos em cordel.

"Na noite mais escura, a tempestade traz à porta de João Simões um estranho viajante. Seu alforje esconde uma amarelada pele de novilha. Pela manhã, depois do café, com voz grave olhar perdido no horizonte, o peregrino inicia a história daquela pele e fala da maldição que o persegue há muitos anos. Uma narrativa surpreendente.” Palavras do Professor Aderaldo Luciano Doutorado em Literatura com tese em cordel.


Dessa forma eu começo a minha narrativa:


O Mistério da Pele da Novilha

Bem assim, que me contaram,
O que eu conto e reconto.
Se é verdade, eu não sei!
Pois quem conta, aumenta um ponto.
E a tendência da história
É crescer, de conto em conto.

Numa noite muito escura,
Entre raios e trovões,
Um homem bateu à porta
Da casa de João Simões,
Que, apesar da noite alta,
Acolheu-o sem sermões.

Proveu-lhe um bom jantar
Oferecendo-lhe pousada,
Quando foi pela manhã,
Serviu-lhe boa coalhada.
Como bom anfitrião,
Não mostrou cara amarrada!..

Editora Luzeiro Ltda
Rua Dr. Nogueira Martins, 538 Saude
São Paulo-SP
CEP 04143-020
Tel/Fax: (11) 5585-1800/5589-4342
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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Minha vida cordelista

O meu nome é Josué.
Sou filho de nordestino,
Escrever é o meu prazer.
Foi assim desde menino.
Minha avó sempre dizia:
Se tu amas a poesia,
Trovador é o seu destino.

O meu pai era baiano,
E se chamava José,
Apesar da vida dura,
Ele sempre teve fé.
Foi então que de repente,
Numa tarde de sol quente,
Se largou na estrada a pé.

Da Bahia prá São Paulo,
Lá pras bandas do oeste.
Terras boas pra lavoura,
Igualzinho as do nordeste!
Só que a chuva, lá não tarda,
E a colheita é sempre farta,
Nessa região agreste.

Mas, pra enfrentar a vida:
Um é fraco, dois é forte –
Já dizia o meu pai,
Que depois voltou ao norte,
Para sua terra querida,
E o amor da sua vida,
Encontrou com muita sorte.

Minha mãe de cor branquinha,
O meu pai era mulato,
Meu avo desconfiado,
Rude e sem muito trato,
Era contra o casamento,
Não lhe deu consentimento,
Mas não impediu o fato.

Tinha lá um pau-de-arara,
Como único transporte,
Para aqueles retirantes,
Que fugiam lá do norte;
E após todo o casório,
Com o clima de velório,
Partiram atrás da sorte.

Foi então que vim ao mundo
Numa casa de sapé,
No meio de uma lavoura,
Da fazenda Nazaré.
O meu pai me registrou,
Com nome que encontrou,
No livro de Josué.

Mas agora vou falar,
Dessa luta literária,
E também como fugi
Do inferno da barbária,
Onde a praga do espinho
Se transforma em diabinho,
Estorvando a vida agrária.

Tornei-me, então, um poeta;
Um poeta Cordelista,
Cordelista de bancada!
Nada a ver com repentista.
Não sou improvisador,
E também não sou cantor,
Nesse assunto, sou realista.

Sou um poeta popular
Buscando sempre a excelência,
Aprimorando o talento,
Sob a forte influência
Dos livretos de cordel,
Essas folhas de papel,
Que têm toda uma ciência.

O livreto no barbante
É cordel literatura,
A poesia popular,
Feito na métrica pura,
Cada verso é rimado,
Ritmado e musicado,
Cantando a nossa cultura.

Não vivo a vida que sonho,
Mas canto a vida que vivo,
A minha alma é duas metades,
Com elas vivo e revivo,
Uma vida é a que sinto,
Sendo, a outra, a que consinto,
Dessa forma eu sobrevivo.